Cadernos de Literatura Comparada #46 — em linha

2022-07-28

Já se encontra em linha o número 46 dos Cadernos de Literatura Comparada – com o título Modernismos Revisitados II: 1922-2022 -, organizado por Joana Matos Frias, João Paulo Guimarães, Daniel Floquet e Ivana Schneider.

Como Douglas Mao relembra na sua recente coleção sobre novas perspectivas e direções nos estudos sobre o modernismo, The New Modernist Studies (Cambridge UP, 2021), até há pouco tempo, os investigadores desta área viam o movimento cultural e estético em questão como um fenómeno predominantemente europeu. Nas últimas décadas, este pressuposto tem vindo a ser questionado, tendo vários críticos afirmado que nem o modernismo, nem a própria modernidade tiveram lugar exclusivamente na Europa e na América do Norte. Deste modo, os estudiosos do modernismo falam hoje em dia num modernismo “planetário” ou “global”, atendendo assim ao fato de que outras partes do mundo, apesar de não terem estado diretamente envolvidas na I Guerra, ainda assim passaram por e tiveram de responder a fenómenos de transformação social, como o rápido processo de industrialização e urbanização, a contestação operária e a expansão da cultura de massas, eventos que impactaram a forma como intelectuais e artistas pensam e representam o real.

O presente volume pretende assim contribuir para a expansão dos estudos sobre o modernismo a um panorama extra-europeu. Em 2013, os Cadernos publicaram uma edição intitulada Modernismos Revisitados: 1912-2012 com este fim, por ocasião do centenário das revistas Poetry e Georgian Poetry. Este ano, o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa decidiu novamente evidenciar uma outra data importante do modernismo: o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo, consensualmente celebrada como um dos grandes acontecimentos da arte e da literatura brasileiras e considerada o marco fundador desse movimento no Brasil. No entanto, não se deve ignorar que o modernismo, enquanto força renovadora das artes no primeiro vinténio do século passado, possui, no Brasil e no mundo, características que antecedem a Semana e atravessam-na, passando em seguida por novas transformações. Assim, persiste ainda a necessidade de refletir sobre a Semana à luz de sua relação, por exemplo, com as vanguardas europeias, ou ainda com outros acontecimentos definidores do modernismo, que decorreram à volta de 1922.

A publicação pode ser consultada aqui.

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