Perspectivado como a “segunda pele do ator” (A. Tairov) e, mais recentemente, como “uma cenografia à escala humana” (P. Pavis), o figurino permite, antes de mais, revisitar e pensar o corpo em cena, na sua materialidade e na sua imaterialidade, do corpo estrangeiro à estranheza do corpo, no âmbito da tensão, entre o finito de que parte e o infinito a que se abre pela teatralidade, numa permanente “expeausition” (J-L Nancy). Com a presente edição de Figurinus: o corpo em cena, pretende-se abrir portas a uma História do Figurino, que urge ir construindo (sobretudo em Portugal), reflectindo sobre as suas práticas, funções, formas, cores, materiais, enfim, sobre todos os sinais que nele convergem e que sustentam a legibilidade de uma representação.
É justamente sobre corpo e sentidos (particularmente o da visão) na prática cénica, sobre as suas (im)possibilidades de mediação através do figurino, sobre modelos e memórias que os habitam que os textos que a seguir se publicam nos falam, e cuja relevância nos dispensamos de enfatizar.