Plaisirs de lire: é/Etats de l’art
Le sens commun nous dit que lire un texte littéraire est tout simplement, et avant tout, de l’ordre du plaisir (Compagnon 1998), sa réhabilitation étant dès lors aussi celle des modalités de récupération et de renouvellement du « plaisir du texte » (Barthes 1973) et des plaisirs de lire. Même le caractère souvent ludique, ironique et citationnel de la fiction contemporaine qui met souvent en jeu « (…) un extérieur qui se veut littéraire, [et qui] ne s’adresse qu’à des déjà lecteurs » (Demoulin 1997 : 11), ne restreint pas ce plaisir, mais le déploie et le complexifie.
En outre, dans un contexte amplement marqué par internet et les réseaux sociaux, on observe l’émergence et le développement de nouvelles modalités de lecture associées à l’apparition de nouveaux supports numériques, lesquels favorisent une co-élaboration du texte et induisent une logique interactive avec de nouvelles formes de sociabilité lectrice fondées sur de nouveaux modes de partage des plaisirs de lire. […]
Europe: Literary Liminalities
The political and linguistic diversity of the European continent – which challenges the uniqueness of a global language – induces a multifocal and multilingual approach in literary creation concerning the European issue.
Moreover, the current conjuncture of the Old Continent is confronted with dangerous populist drifts and the temptation of a nationalist closure. The fictional concern of writers focusses on this complex problematic to be addressed by, on the one hand, the still significant sequels of the conflictual History inherited from the 19th and 20th centuries and, on the other hand, the prospective idea of an institutional construction. This idea is essentially focused on the economy and finance, which Europe cannot be reduced to.
The tension between these two perspectives – which raises many questions and debates, as the attempt to write a European “constitution” has revealed – appears nevertheless to be the focus of a discussion about Europe, below and beyond the European Union. In fact, it often takes the form of a subtle narrativization and fictionalisation of our continent as a topic, a theme, a concern, and even an obsession in many European authors’ work. […]
Europa literária: criação e mediação
Se na literatura a Europa tem sido alvo principalmente de um enfoque temático enquanto enquadramento geográfico e espaço concreto ou imaginário, outras abordagens críticas e teóricas permitem hoje lançar um olhar complexo e problematizador sobre o “Velho Continente”, enquadrando-o num contexto tanto geopolítico como geo-simbólico. Este enquadramento situa-o já não num cenário colonial ou continental, mas, num equilíbrio e futuro instáveis, entre as amarras do local e os apelos do identitário por um lado, e por outro entre os desafios da globalização e o confronto multicultural, e até no âmbito de soluções transculturais, desencadeadas nomeadamente pelas tensões bilaterais entre os polos regional e exílico / migratório. Nesse novo contexto, o continente europeu torna-se legível e interpretável através de ferramentas conceptuais que exigem uma abordagem que vai para além do pacto linguístico-nacional e aponta no sentido daquilo a que se convencionou chamar “estudos regionais” (area studies), ou seja, a transversalidade de questões, fluxos e trocas envolvendo a criação e a mediação literárias dentro da mesma zona, independentemente das opções linguísticas (Moura 2018).