Um ensaio não se ocupa de um objecto: um ensaio transfigura o objecto, e às vezes cria-o, e às vezes até o destrói; um ensaio não se aplica a um conhecimento anterior, ou então, se se aplica, deixa-o tão irreconhecível que no fim já só existe o mundo inventado pelo ensaio (sim, porque uma nova leitura do mundo não é apenas uma nova leitura do velho mundo, mas a criação de um novo mundo). Dito isto, o que fascina no ensaio não é o conhecimento, mas aquilo que se faz com o conhecimento. E, claro, já se vai tornando difícil destrinçar o que o ensaio diz e o modo como o diz, o resultado do pensamento e a sua sedutora procura.

DOI: https:/doi.org/10.21747/978-972-36-2165-5/con