Os fenómenos migratórios têm atingido proporções inéditas nos últimos tempos e têm suscitado múltiplos discursos e estatísticas que subestimam ou simplesmente ignoram a experiência e o percurso do migrante, circunscrevendo-o à polaridade identitária dos lugares de partida e de chegada. Através da evocação de factos recentes e do apelo a diferentes áreas como a Literatura, a Sociologia, a Antropologia ou a Filosofia, este ensaio propõe uma mudança de paradigma na abordagem da migração, de acordo com as noções de exiliência e antropocena exílica. Porque compreender o migrante como um exilado é reconhecer-lhe um estatuto simultaneamente existêncial e político, primeira premissa para a elaboração de um direito de exílio que resolva a contradição vigente entre mobilidade e exclusão, inclusive em regimes democráticos.